Batizada de ‘Pilar da Vergonha’, escultura mostra diversos corpos empilhados uns sobre os outros
Um monumento em Hong Kong que lembrava os mortos no Massacre da Praça da Paz Celestial, em 1989, foi destruído na calada da noite nesta quinta-feira (23).
Batizada de “Pilar da Vergonha”, a escultura de oito metros de altura mostra diversos corpos empilhados uns sobre os outros e estava na Universidade de Hong Kong. A jornalista Xinqi Su, da Agência France-Press em Hong Kong, publicou em sua página no Twitter uma série de vídeos que mostram o local cercado e vigiado por seguranças enquanto se pode ouvir o barulho de ferramentas em uso.
#BREAKING whole area around the #PillarOfShame in #HKU has been covered up by white plastic sheets and surrounded by yellow boards. Lots of noises can be heard but security guards have been driving me away and asking me not to film, while refusing to answer what’s going on. pic.twitter.com/PgLl9XzHpK
December 22, 2021
O motivo da retirada do monumento não está claro, mas o criador da escultura, o dinamarquês Jens Galschiøt, culpou a universidade: “Estou totalmente chocado que a Universidade de Hong Kong está destruindo o Pilar da Vergonha”, disse ele, em sua página no Twitter.
A notícia chega em meio a uma ofensiva do regime comunista de Pequim sobre a Hong Kong, que tem uma longa história de autonomia em relação ao poder central. A política do Partido Comunista Chinês tem sido a de desmantelar os focos de resistência na ilha. Recentemente, o governo de Xi Jinping forçou uma mudança nas regras da assembleia legislativa de Hong Kong. Como resultado da interferência, parlamentares pró-Pequim obtiveram 89 dos 90 assentos no legislativo local, em uma eleição marcada pela baixa adesão popular. A Universidade de Hong Kong, que é pública, também tem sido alvo da pressão do Partido Comunista.
O Massacre da Praça da Paz Celestial, cujo número de vítimas até hoje é desconhecido, aconteceu quando o governo comunista reprimiu violentamente um protesto de estudantes em favor de mais liberdade.