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“Eu sei o que é ser ameaçado pelo PCC”, diz Moraes em voto contra cassação de Moro

Presidente do TSE nega recursos para cassação de mandato de Sergio Moro e destaca ameaças do PCC

Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), proferiu seu voto contra os pedidos de cassação do mandato do senador . Em sua decisão, Moraes mencionou ter sido alvo de ameaças da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e defendeu que as despesas com segurança não se enquadram como gastos eleitorais.

A alegação sustentava que os fundos de campanha destinados ao pagamento da segurança poderiam ter afetado as eleições de 2022. No entanto, Moraes declarou que “gasto com segurança não é gasto eleitoral” e, assim, não deve ser considerado ao avaliar o abuso de poder financeiro.

“Eu sei, como ex-secretário de Segurança [Pública de ], ex-ministro da Justiça, nesse período turbulento que o país viveu, eu sei o que é ser ameaçado pelo PCC. [Ser ameaçado] você e sua família, de morte. Então, dizer que segurança para o ex-juiz, ex-ministro Sergio Moro, é gasto de campanha, dizer que carro blindado, segurança para que ele possa fazer [campanha], não nem diria nem com tranquilidade, porque não dá para fazer, mas dá [tranquilidade] para a família… Dizer que isso afeta a disputa eleitoral…”, afirmou Moraes.

Ele ressaltou ainda que “ninguém gosta de andar com segurança, em carro blindado. Isso só em filme as pessoas gostam”.

A Polícia Federal (PF) indicou em março do ano passado que o PCC também ameaçou Moro. Moraes, em seu voto, declarou que não ocorreu fraude na campanha de Moro, que inicialmente foi pré-candidato à Presidência da República, posteriormente ao Senado por São Paulo e, finalmente, pelo Paraná, onde acabou eleito. Moraes explicou: “Na verdade, houve conjugação de fatores que levaram o então candidato, Sergio Moro, a ser candidato a senador pelo estado do Paraná”, disse Moraes.

“Ele [Moro] era efetivamente um pré-candidato a presidente da República. Chegou a pontuar até dois dígitos em determinado momento. Ele não foi candidato porque nenhum partido cedeu a legenda no momento em que deveria ceder a legenda”, explicou o ministro.

Moraes também defendeu uma alteração no sistema eleitoral para regular o período de pré-campanha. “Pré-campanha é campanha, e acabamos no Brasil fazendo essa divisão, mas sem objetividade maior”, declarou. “Há necessidade de uma regulamentação melhor. Enquanto não houver regulamentação, nós temos que analisar caso a caso”.

Todos os membros do TSE concordaram com o voto do relator, Alexandre de Moraes, rejeitando os recursos que solicitavam a cassação de Moro.


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