Edição da publicação trazia em sua capa o texto: “Vacinas, a cura ou a doença?”
Ao tentar buscar o acervo da revista Superinteressante, da Editora Abril, no site que reúne todas as capas publicadas ao longo dos últimos 34 anos de existência da revista, você certamente achará estranho o fato de não encontrar a edição de número 101, lançada em fevereiro de 2001. O motivo em questão tem bastante a ver com o contexto atual: dúvidas sobre a eficácia das vacinas.
A capa “escondida” da Superinteressante tinha um bebê vendado recebendo uma vacina em gotas. Com letras garrafais, o título era: “Vacinas: a cura ou a doença?”. Já no subtítulo, o texto era: “A vacinação, ferramenta básica de saúde pública, enfrenta no mundo inteiro uma onda crescente de críticas e desconfianças. A questão: será que as vacinas fazem mais mal do que bem?”.
Questionado pelo colunista Mauricio Stycer, do UOL, sobre a exclusão da edição, o atual diretor de redação da revista, Alexandre Versignassi, disse que a respeito dos fatos levantados na matéria dos imunizantes: “Nada se provou”. Por este motivo, segundo Alexandre, numa conversa com a administração da Abril, o jornalista achou prudente excluir provisoriamente a edição do acervo.
– Não é apagar a história. É uma questão de saúde pública. A gente tirou e, num segundo momento, vamos colocar de volta – alegou.
Essa, porém, não foi a única capa retirada do acervo da publicação da Abril. A edição de número 159, publicada em dezembro de 2000, apenas dois meses antes do questionamento sobre vacinas, perguntava: “Aids: o HIV é inocente?”. A reportagem, por sua vez, trazia uma entrevista com o biólogo e químico Peter Duesberg, que defendia a tese de que a Aids não era causada pelo vírus HIV.
Exatamente 13 anos depois, em dezembro de 2013, a revista buscou desmentir a própria publicação em sua versão online, com a inclusão de um “esclarecimento” antes do início da entrevista, alertando o leitor de que “as teses de Duesberg caíram em descrédito e hoje temos muita clareza de que não deveríamos ter dado espaço a elas”.