Ex-deputado chamou o aparelho de “coleira de tornozelo” e afirmou que ele transformaria seu lar em “canil”
Em nova carta escrita de dentro da prisão, o ex-deputado e presidente do PTB Roberto Jefferson escreveu neste domingo (29) que não aceitará prisão domiciliar e uso de tornozeleira eletrônica. De acordo com ele, o aparelho de monitoramento é uma “desonra” que transformaria seu lar em um “canil”. As informações são do Gazeta do Povo.
– Não aceito a coleira de tornozelo. Vejo o Zé Dirceu e o Lula, condenados por grave corrupção em todas as instâncias, no mérito, flanando pelo Brasil, ameaçando as Igrejas, defendendo a tomada do poder pela força e armando coletivos vermelhos como na Venezuela, para violentar o povo cristão e patriota. Pior: ameaçando derrubar, pela força, o governo honesto do presidente Bolsonaro. E para mim, como para outros conservadores, prisão domiciliar com tornozeleira, transformando meu lar num canil. NÃO ACEITO. É desonra. Não me fará outra humilhação e afronta a abominável e lombrosiana figura do Alexandre de Moraes. Fico onde estou – escreveu.
A defesa do ex-deputado pede o fim da prisão preventiva, ou aplicação de restrições, ou, em um último caso, a detenção domiciliar. O habbeas corpus está nas mãos do ministro Edson Fachin.
A Procuradoria-Geral da República (PGR), porém, se manifestou favorável na última sexta-feira (27) à concessão de prisão domiciliar com uso da tornozeleira eletrônica. Jefferson agradeceu o parecer da da subprocuradora-geral Lindôra Araújo, mas insistiu que recusará a eventual mudança.
– Agradeço, mas não aceito. É mais uma afronta à minha honra. Preso por crime de opinião, numa decisão indecorosa e arbitrária tomada por um ministro suspeito [Alexandre de Moraes], pois litigante pessoal contra mim, que está requerendo execução antecipada da sentença condenatória de cem mil reais, por alegados danos morais, que repilo – salientou.
Também na carta deste domingo, Jefferson fez declarações de amor à esposa, Ana Lúcia Novaes, e questionou se estará solto até o próximo dia 31, data em que ela faz aniversário.
Ele finalizou o documento defendendo as manifestações do dia 7 de setembro.
– Profetizo que o povo cristão patriota, antes que seja tarde demais, com o seu rugido de liberdade, em 7 de setembro, nos livrará desses urubus que pousaram, com mau agouro, nas costas do Brasil – declarou.
Roberto Jefferson foi preso dentro de um inquérito, aberto por Alexandre de Moraes em julho, para investigar suposta “organização criminosa digital” que, de acordo com o ministro, atentaria contra o Estado Democrático de Direito.